Fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas
histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a
fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites
afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca
enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em
fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado
atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem
caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito
exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele.
Caio Fernando de Abreu
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